Ano de lançamento: 2000
Duração: 43':50"
Produção: Dimebag Darrell, Vinnie Paul, Sterling Winfield
Gravadora: East West
Os problemas com drogas de Phil Anselmo quase enterraram o Pantera. O disco anterior, Great Southern Trendkill, criado dentro desse clima, refletia com fidelidade esse momento confuso, com letras sobre o mundo e as conseqüências das drogas e músicas violentas e dissonantes, muitas com uma forte influência de grindcore. Sem mencionar que as dissidências de Phil com a banda fizeram que ele gravasse os vocais em Nova Orleans e a banda gravasse suas partes no Texas. Até então o Pantera parecia ser a banda a prova de balas. Extrema, pesada, técnica, praticamente perfeita. A carreira que se reformula a partir do primoroso Cowboys from Hell (1990) foi uma das mais marcantes que uma banda de metal já construiu, ainda mais se considerarmos que nem público e mídia estavam tão interessados em heavy metal nessa época. Great Southern Trendkill é o momento em que o colosso olha para os próprios pés e vacila. Não é um disco ruim, longe disso na verdade, mas a banda não era mais a máquina impossível de ser detida.
O hiato de quatro anos até Reinventing the Steel não fechou todas as feridas nem solucionou todos os problemas, mas afastou boa parte do clima pesado que assombrava a banda. É um disco de reafirmação, isso é claro. Como se a banda gritasse que ainda estava lá pra “mostrar quem é homem nessa porra”. Nada mais normal então que as letras falem da banda como as profissões de fé We'll Grind that Axe for a Long Time e Yesterday Don't Mean Shit. Essa última recheada de riffs bem ao estilo de Dimebag Darrell que levam o Power/groove da banda ao seu melhor. Mas o disco tem outros grandes momentos. Goddamn Electric e You've Got to Belong To It, homenagens de peso aos fãs da banda, a primeira com participação do amigo de longa data e guitarrista do Slayer (banda citada na letra inclusive) Kerry King.
I'll Cast a Shadow é uma canção sobre a influência da banda no estilo que sempre defenderam sublimemente. Se não fosse pelos vocais gritados de Phil essa música poderia muito bem estar num disco do Black Sabbath (outra banda citada em Goddamn Electric). Os riffs poderosos tocam ao fundo as influências da banda que aquela altura já estava ombro a ombro com os gigantes da raça.
Um dos destaques do disco é Revolution Is My Name. A letra conta a história de Phil Anselmo e a coloca como uma constante superação. Talvez seja a que mais envie o recado “cuidado! O Pantera está de volta”, com melodias e riffs que aliam Black Sabbath a um Judas Priest depois de anos de esteróides atômicos. Ainda sobre o Sabbath, o single de Revolution Is My Name trazia um cover de Hole In The Sky, dos pioneiros da música pesada, obsessão do Pantera, que já havia regravado Planet Caravan no Far Beyond Driven, mas que talvez seja fruto do tempo passado com a banda na estrada naquela época.
Outra influência, mais sutil é verdade, é a do Sepultura. It Makes Them Disappear lembra o gigante brasileiro tanto nos ritmos que Vinnie Paul comanda quanto nos timbres da guitarra de Dimebag. O Pantera havia excursionado com o Sepultura e as bandas eram realmente amigas. Quando da conquista do tetra campeonato pela seleção brasileira as bandas tinham um show juntas. Anselmo subiu ao palco vestido com uma camiseta da seleção e o Sepultura tocou com os rostos pintados. Uma bela festa de dois ícones da música extrema.
Hoje, quando se ouve Reinventing the Steel lamenta-se que a volta do Pantera nunca tenha se consolidado realmente. A sensação de que a reafirmação ficou no meio do caminho é muito nítida. A morte chocante de Darrell anos depois (assassinado em pleno palco quando se apresentava com sua banda, Damageplan) lançou uma sombra de tremenda nostalgia sobre o legado do Pantera (incluindo os projetos dos membros da banda após o fim da mesma), mas com mais força sobre esse álbum, o último antes da separação conturbada que pôs fim a um dos mais empolgantes grupos da história do heavy metal.
Um disco que a banda dedicou aos fãs e que honra bem toda dedicação votada por eles ao Pantera. Se além do nome, a reinvenção não é a prioridade do disco isso pouco importa. Reinventing the Steel é o Pantera mostrando os dentes depois de tempos conturbados, sem esconder as cicatrizes passadas e com a crença num futuro que infelizmente não veio.
Ficha técnica:
Faixas:
"Hellbound" – 2:41
"Goddamn Electric" – 4:58
"Yesterday Don't Mean Shit" – 4:19
"You've Got to Belong to It" – 4:13
"Revolution Is My Name" – 5:19
"Death Rattle" – 3:17
"We'll Grind That Axe for a Long Time" – 3:44
"Uplift" – 3:45
"It Makes Them Disappear" – 6:22
"I'll Cast a Shadow" – 5:22
"Hellbound" – 2:41
"Goddamn Electric" – 4:58
"Yesterday Don't Mean Shit" – 4:19
"You've Got to Belong to It" – 4:13
"Revolution Is My Name" – 5:19
"Death Rattle" – 3:17
"We'll Grind That Axe for a Long Time" – 3:44
"Uplift" – 3:45
"It Makes Them Disappear" – 6:22
"I'll Cast a Shadow" – 5:22
Line-up:
Phil Anselmo – Vocals
"Dimebag" Darrell – Guitar
Rex Brown – Bass
Vinnie Paul – Drums
Kerry King – Outro guitar on "Goddamn Electric"
Phil Anselmo – Vocals
"Dimebag" Darrell – Guitar
Rex Brown – Bass
Vinnie Paul – Drums
Kerry King – Outro guitar on "Goddamn Electric"
Ficou muito boa a resenha sobre o play Ramon! Capturou bem o espírito do disco! Ae garotada, se liguem nesse play raivoso e no Pantera em geral...rs
Como eu escrevi na comunidade do Vic, re-ouvirei esse álbum. É sempre bem ouvir um disco quando se sabe um pouco mais sobre ele.